Obra
Dez anos depois Contorno de Pelotas está concluído
Obra de duplicação dos quase 24 quilômetros, iniciada em 2012, melhora fluxo e segurança para usuários da rodovia
Jô Folha -
Desde a semana passada, quem circula pelo Contorno de Pelotas já pode notar que os 23,69 quilômetros que compreendem as BRs 116 e 392 estão totalmente liberados ao tráfego, com os trechos que faltavam finalizados. O ato de entrega oficial da obra, dez anos após iniciada, ainda não possui data definida. Previsto inicialmente para a quarta-feira passada, acabou não sendo confirmado por conta da agenda do ministro da Infraestrutura e Transporte, Tarcísio Freitas, que demonstrou interesse em participar da cerimônia de inauguração entre hoje ou amanhã. No entanto, a assessoria não confirmou presença e, até o domingo, a realização da cerimônia seguia em aberto. Como o prazo para realização de solenidades de entrega de obras vai até o dia 31 (quinta-feira) à legislação eleitoral, o ato, se ocorrer, deve ficar para os próximos dias.
A obra do Contorno mudou o cenário no acesso a Pelotas e deu ares de modernidade e valorização da região, além de ter importância para o desenvolvimento econômico. A última etapa realizada foi o asfaltamento da rótula sob o viaduto Duque de Caxias, que dá acesso ao bairro Fragata e ao campus da UFPel. O trabalho agora é de acabamento do paisagismo em pontos com o trevo da Oderich, além de sinalização vertical também nesse local.
Por ser caminho na principal via de escoamento da produção da safra agrícola no Estado, o projeto original foi mantido, garantindo assim os 11 viadutos e a construção de três pontes. Com orçamento inicial previsto em R$ 430,6 milhões, a obra precisou de acréscimo de 58,13% nos recursos, totalizando quase R$ 680 milhões.
O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), responsável pelas intervenções, explica que há instrução normativa regulando o reajuste do serviço. "Houve, ainda, nessa obra, alguns serviços que não tinham sido licitados, mas foram acrescidos ao contrato dentro do limite permitido em lei, como os dois viadutos sobre a via férrea", justifica o Dnit. Já o projeto de iluminação pública do local ficou de fora.
Fluidez
Motoristas que lembram do antes e depois das obras do contorno garantem que a duplicação dos quase 24 quilômetros otimizou tempo e paciência. Com a redução das paradas em cada entroncamento, é possível percorrer o trajeto em menos de 20 minutos. Dos pontos de acesso a Pelotas, o mais citado pelos entrevistados como facilitador da rodovia é o trevo da Oderich. "Acabou com as filas no final da tarde", diz o caminhoneiro Vitor Vieira, 39. Há 16 anos na estrada transportando resíduos, lembra a eterna espera de uma hora e meia no trecho. "Hoje fico apenas dez minutos, sem contar que as condições da estrada que estão muito boas." O auxiliar administrativo Elton Cristian Cantarelli Massoren, 31, agilizou suas atividades com as mudanças da rodovia. "Com a melhora no fluxo de caminhões, consequentemente fica mais espaço livre para o veículo de passeio."
Ajustes necessários
Além dos viadutos, o Dnit também previu a construção de ruas laterais, de modo que o tráfego de quem se desloca pelos bairros do município não interfira no fluxo da rodovia. As vias têm nove metros de largura com possibilidade de estacionamento e calçada para os pedestres. No lote 1, as ruas laterais somam mais de 14 quilômetros de extensão ao longo da rodovia e seu principal objetivo seria a segurança, por afastar o tráfego mais pesado de perto dos bairros. No entanto, no Sítio Floresta, para não ter que percorrer três quilômetros até o contorno da avenida 25 de Julho, muitos motoristas têm provocado risco de acidentes ao andar na contramão para acessar a vila Peres.
Além de se preocupar com as infrações, há quem more à margem do Contorno e aguarde até hoje pela indenização pela desapropriação. Ao longo dos dez anos, segundo o Dnit, 99% das famílias receberam recursos para mudar de local ou adaptar a residência. Outros ainda aguardam. É o caso dos moradores da quadra entre as ruas 22 de Maio e Engenheiro Benjamin Cordeiro Dias. Ali mora Loeci Fernandes Machado, 70. Para ter alguma renda, a dona de casa abriu pequeno comércio em casa e vendia bem até um imenso muro cinza afastar a clientela do Bar Santa Rita, na maioria consumidores de beira de estrada. Agora ela atende somente a comunidade da vila, consumo que não rende o suficiente para o sustento.
Mas este é apenas um dos problemas enfrentados pela moradora. Quando chove, a casa inteira alaga pelo desnível do asfalto. "Já mandei fazer três bueiros, mas não dá vencimento", reclama. A esperança da comerciante é receber a indenização do Dnit, que até agora não chegou. "Esta casa, quando planejaram a obra, deveria ser demolida. Preparei toda a papelada e até agora nada. Quero sair daqui, mas preciso de recursos do governo federal." Segundo o Dnit, todos os imóveis atingidos pelas obras foram devidamente notificados e todos os desapropriados já receberam os devidos valores. Em casos pontuais de proprietários que não fizeram acordo, o processo segue o rito normal da Justiça.
Quem recebeu dinheiro para adaptar a residência à margem da rodovia não reclama. No Passo do Salso, a aposentada Suelema dos Santos Chagas, 68, garante que a barulheira diminuiu dentro de casa, pois os caminhões passam longe. "Mas fiquei sem ônibus, que antes era na porta. Agora tenho que entrar na comunidade, ir até a Cidade de Lisboa para embarcar. Eram para ter pensado nisso. Sou idosa e não tenho condições de caminhar grandes trajetos."
Sobre a obra
De responsabilidade do Dnit, a obra foi licitada em dois lotes: lote 1-A e lote 1-B, sendo o lote 1-A executado pela Construtora HAP Engenharia Ltda com 11,01 quilômetros e o lote 1-B pelo consórcio entre a SBS Engenharia e Construções SA, MAC Engenharia Ltda e Construtora Pelotense Ltda, de 12,68 quilômetros. Acessos à cidade:
* Ponte sobre o Arroio Pelotas (BR-116)
* Ponte sobre a Barragem Santa Bárbara (BR-116)
* Ponte sobre o Canal Santa Bárbara (BR-392)
* Viadutos da Vila Princesa (BR-116)
* Viaduto da Avenida Fernando Osório (BR-116)
* Viaduto da Avenida Leopoldo Brod (BR-116)
* Viadutos da Avenida 25 de Julho (BR-116)
* Viaduto do Trevo da Fenadoce (BR-116)
* Viaduto da Avenida Herbert Hadler (BR-116)
* Viaduto da Avenida Cidade de Lisboa (BR-116)
* Viaduto da Oderich (BR-116/BR-392)
* Viaduto da Avenida Duque da Caxias (acesso UFPel) (BR-392)
* Viaduto sobre a Ferrovia (BR-392)
* Viaduto da Viscondessa da Graça (BR-392)
Como está a duplicação da BR-116 entre Pelotas e Guaíba
A expectativa de conclusão é 2023.
Lotes 1 e 2 (Extensão 50,8 km): 75% dos serviços executados. Já estão em operação 25,1 km de pistas duplicadas.
Lote 3 (Extensão do lote 21,88 km): 20,2 km duplicados e em operação.
Lote 4 (Extensão 24 km): 100% da extensão liberada.
Lote 5 (Extensão 25,1 km): empresa se mobilizando para iniciar os trabalhos e concluir a execução dos serviços remanescentes.
Lote 6 (Extensão 25,0 km): liberados mais de 14 km de pista duplicada. A expectativa é de retomar este ano a execução dos serviços remanescentes, após licitação.
Lote 7 (Extensão 21,6 km): 20,34 km duplicados e entregues ao tráfego. Já iniciada a execução do viaduto e ramos de acesso para o município de São Lourenço do Sul.
Lotes 8 e 9 - o lote 8 (Extensão 18,9 km) possui atualmente 11,2 km duplicados e entregues ao tráfego. O lote 9 (Extensão 22,7 km) possui atualmente 21 km duplicados e entregues ao tráfego. Obras remanescentes nos Lotes 8 e 9 serão relicitadas _ ainda no primeiro semestre deste ano.
Lote 10 _ Ponte sobre o Rio Camaquã/Viaduto Pompéia - a empresa contratada está na fase de desenvolvimento dos projetos.
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